18 de setembro de 2009

Milho aos pombos

A visão de Carlos Barbosa

"Para os merceeiros da comunicação social, que acham que vender um jornal é o mesmo que vender batatas, isto é perfeitamente normal. Têm de estar sempre bem com Deus e com o Diabo. Para os proprietários de órgãos de comunicação social, isto é impensável."

É esta a reacção de Carlos Barbosa ao caso que eu tenho vindo a actualizar desde a passada semana, e que já deve conhecer muito bem. Em entrevista ao jornal português “i”, o gestor que durante anos se relacionou com a comunicação social das mais diversas formas, desde rádios a jornais, considera que a situação “é lamentável, os jornalistas deviam todos parar até terem de volta o 'Jornal de Sexta’.”

Na minha opinião, não me parece que a greve esteja programada. Para além de ser um canal privado, não irá adiantar em nada o que já está totalmente decidido, que é o fim deste formato informativo, que desde cedo se destacou dos restantes.

Esta situação considerada muito grave pelo gestor parece ser uma decisão tomada para “arrumar a casa”. Uma decisão para mais: para a PRISA, depois de todos os estragos que fez, poder vender a TVI a um preço low-cost. Algo que me parece interessante… será que ninguém deseja a TVI? Para quê baixar o preço das acções? Para poder pagar ainda menos a sua grande dívida?

Isto leva-me a pensar que PRISA não vai vender a TVI. A meu ver, vai fazer ainda mais estragos: está a preparar-se, com esta decisão, para rescindir contratos com os activos da televisão portuguesa, agora sem o rótulo que a degradava: o de “atacar” o actual primeiro-ministro.

Com a saída da jornalista, o canal irá perder audiências e haverão mais combates políticos, um género de série de televisão: “Todos contra o PS” (em vez de “Todos contra o Chris”, na RTP2). No entanto, no mundo dos negócios, esta saída pode reverter a favor de uns pontos favoráveis, visto que um meio de comunicação contra o governo português custa dinheiro.